A moral, invisível, é capaz de tudo o que combate
em público. Com bravatas e gravatas
Efeitos medicais a parte, o ato teria sido motivado pela sensação de não estar sendo vigiado?
Aí, entra a questão moral. O fez porque se julgou invisível? Não, por que os seus princípios, mesmo religiosos, o impediam?
Em a República, Platão relata sobre um anel mágico encontrado por um pastor. Basta virar a pedra do anel para dentro da palma da mão para se tornar totalmente invisível, e virá-la para fora para ficar novamente visível. É o Anel de Giges.

Giges, que antes era tido como um homem honesto, não foi capaz de resistir às tentações: aproveitou seus poderes para entrar no palácio, seduzir a rainha, assassinar o rei, tomar o poder, exercê-lo em seu único e exclusivo benefício…
O narrador conclui que o bom e o mau ou os assim considerados, se diferenciam pela prudência ou pela hipocrisia. Pela importância desigual que dão ao olhar alheio ou por sua habilidade maior ou menor para se esconder. O justo e o injusto, o honesto e o desonesto, (…). “Se ambos possuíssem o anel de Giges, nada mais os distinguiria: ambos tenderiam para o mesmo fim”.
Isso equivale a sugerir que a moral não passa de uma ilusão, de uma mentira, de um medo maquiado de virtude. Bastaria poder ficar invisível para que toda proibição sumisse e que, para cada um, não houvesse mais que a busca do seu prazer ou do seu interesse egoístas.
O Rabino pode ter se julgado possuidor do Anel de Giges, portanto, a moral apenas pública. Invisível, é capaz de tudo aquilo que combate em público. Com bravatas e gravatas. Aí, entra a Madalena… quem atira a primeira pedra?
E você, o que faria com o Anel de Giges? COMENTÁRIO – 08-04-2007