Os tigres asiáticos e as antas brasileiras

01/04/2011 por blogdojua 2 Comentários

Vivemos todos sob o mesmo céu, mas nem todos temos o mesmo horizonte – Konrad Adenauer

Quinhentos e onze anos se passaram desde a colonização e o Brasil ainda não sabe o que é e muito menos para onde quer ir. Aos trancos e barrancos passou, viveu, sofreu e sofre metamorfoses que, embora ambulantes, não nos levam ou nem mesmo conseguem  chegar a lugar algum, como se sobre uma esteira rolante. A mais perturbada e perturbadora dessas errâncias ocorreu – e ocorre – nos últimos 25 anos. Uma geração completa – e repleta – de Sarney, FHC e Lula.

Com um hiato de Collor e Itamar.  Afora o último, todos comprometidos com os interesses escusos aos do País. Nenhum empenho para com a Nação. O País, diriam, cresceu. Não, digo eu. O Brasil está, e não é um País que cresce. Ele se enfeita, com contas bancárias e carros nas ruas. Mas permanece débil e atrasado como sempre foi, a começar pelos constituídos – sabe lá Deus como – que ditam as normas, os mesmos, em volta à corrupção em proveito próprio e à pilhagem em larga escala dos bens públicos, agora, também, das liberdades individuais.

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Sem estratégia, sem pensar, continua com a síndrome de serviçal, com complexo de inferioridade, incapaz de crescer na mentalidade. Incapaz de evoluir social e culturalmente.   Ainda tem autoridade que, em sua (suposta) casa, se deixa ao vexame de tirar até o sapato para o beija-pé de El Rey… Débil, ignorante, complexado, é inapto a assumir uma ideologia política. Beija, humildemente, os pés de El Rey do Norte, a quem (des) tratava até recentemente e ainda mandava-o voltar para casa. Go home, yankee!. Se diz democrático, se espelha capitalista, mas age com totalitarismo medíocre de quem não sabe onde está o próprio nariz e vive a trocar os pés pelas mãos, indeciso se anda ou não de quatro.

Vejamos a famigerada democracia à brasileira, comparada às principais características do totalitarismo contemporâneo tão em voga no pós-guerra: 1) ausência de alternância real do poder político; 2) ideologia (?) política que delimita e explica totalmente toda a realidade social, ou pelo menos pretende delimitar e explicar na sua totalidade com base em premissas e argumentos pretensamente científicos; e 3) burocracia e estrutura administrativa complexa a serviço do Estado e não a serviço do indivíduo e da Sociedade.  E, como complemento, Sociedade Civil totalmente absorvida pelo Estado, formando um Estado sem opinião pública, contendo somente a opinião oficial, ou aquela firmada, ditada, imposta, pelos meios de comunicação, em sintonia com o poder oficial, ou aos grupos que o domina.

E como não temos opinião pública, os ratos desmiolados do poder fazem gato-sapato por interesses alheios ou visando ganho pessoal, em claríssimas afrontas às liberdades individuais, mas que ecoam no jornalismozinho mequetrefe, mandado, servil, corrupto, venal, controlado, como dádivas ao ser humano e os brasileiros recebem as facadas satisfeitos e aplaude, não reparando que suas conquistas cambaleiam a cada dia, e em breve rastejará rumo ao túmulo definitivo, morada eterna de sua independência e da sua autonomia. Vivemos a era do não. Da proibição. Dos ditados e regras do que devemos ou não fazer.

churchilSem título

Calados, aceitamos, acatamos, seguimos. Imbecilizados, perdemos o poder de crítica, de análise, de contestação. Reverenciamos, simplesmente. Queremos, todos, ganhar dinheiro, ficar rico, comprar casa, carro, roupas, bugigangas eletrônicas, novos, todos os dias… Mas nem nos damos conta de que, para isso, há um preço. Um custo, e alto. Há de se ter produção, há de se ter emprego. Há de se ser capitalista. Capitalismo, no Aurélio, – Sistema econômico e social baseado na propriedade privada dos meios de produção, na organização da produção visando o lucro e empregando trabalho assalariado, e no funcionamento do sistema de preços.  Mas temos vergonha(?) de sê-lo. Ou de confessarmos sê-lo. Queremos seu bônus, mas não seu ônus.

E essa hipocrisia demagoga, somada à falta de conhecimento, de preparo, de sensatez, de cultura, de senso, de uma visão global dos acontecimentos, levam à paranóia, à esquisitice, às incoerências, aos absurdos e disparates governamentais, em todos os seus ângulos. O capitalismo exige liberdade. No âmbito do direito à liberdade, cabe ao Estado protegê-la e não restringi-la. Compete exclusivamente ao indivíduo fazer suas escolhas, segundo suas crenças e sua concepção de bem. Somente o Estado totalitário define o que é bom ou ruim para o cidadão.

A democracia capitalista, essa que queremos viver, mas não assumimos, não viola a liberdade com leis e leis proibitivas. Campanhas de informação e de conscientização da população são positivas e aceitas, mas a escolha final é do indivíduo, seja em que for, considerando a legalidade e o costumo social. Queremos uma “revolução inglesa” no Brasil, mas, ao contrário do ocorrido há 500 anos nas terras da rainha, queremos transformar uma teoria numa prática. Prática que não se pratica, definitivamente, com a doutrina maniqueísta, de ditar o que é bom e o que o ruim, sobretudo sendo seus “ditadores” um bando de medíocres que, entusiasmado com o retumbante sucesso dos Tigres Asiáticos, caminham céleres para criar As Antas Latinas e, mais ainda, a Anta Brasileira. E, nós, os seus filhotes.

O Triunfo dos Imbecis

Não nos deve surpreender que, a maior parte das vezes, os imbecis triunfem mais no mundo do que os grandes talentos. Enquanto estes têm por vezes de lutar contra si próprios e, como se isso não bastasse, contra todos os medíocres que detestam toda e qualquer forma de superioridade, o imbecil, onde quer que vá, encontra-se entre os seus pares, entre companheiros e irmãos e é, por espírito de corpo instintivo, ajudado e protegido. O estúpido só profere pensamentos vulgares de forma comum, pelo que é imediatamente entendido e aprovado por todos, ao passo que o gênio tem o vício terrível de se contrapor às opiniões dominantes e querer subverter, juntamente com o pensamento, a vida da maioria dos outros.  – Giovanni Papini, in ‘Relatório Sobre os Homens’.

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