Do BlogdoJua de 09/11/2012 11.57h
Não tem mais jeito, a gente não tem cura – Chico Buarque
Às vezes os sinais são os de que o País não tem remédio. A cada amanhecer, injeções extras de corrupção com velhas receitas de burlas em bulas genéricas prescritas em fórmulas similares, com efeitos danosos em doses cavalares. Parecem moscas onde mata-se uma, surgem 200. O diagnóstico não é animador.
Em Goiânia, medicamento para regular pressão e que não funcionou. Grave, mas constatado a tempo de evitar um mal maior. Foi adquirido em farmácia no principal shopping da cidade. E não me disseram, fui eu, a vítima. Muitos não têm a mesma sorte em um azar a cada dia mais comum. Medicamentos que não funcionam.

Em Brasília, mãe de criança de 5 anos que necessita de tratamento contínuo, sofre duplamente. No hospital os medicamentos nunca produzem o efeito esperado, embora estejam incluídos na rede de distribuição do Sistema Único de Saúde – SUS. É preciso adquirir os medicamentos em farmácia de confiança, levá-los ao hospital e ficar de plantão para garantir que sejam eles os aplicados.
Esses dois exemplos ilustram fatos e histórias de casos que repetem-se Brasil a fora. Afora os falsificados, o brasileiro, agora, pena com os chamados medicamentos similares.
Embora o Ministério da Saúde – sempre ele – e seu penduricalho para os tombos e pinotes, ANVISA – sempre ela – o considerem válidos e perfeitos para o consumo, os medicamentos similares podem ser visto também como uma falsificação oficial.
O medicamento Similar não passa pelos testes de equivalência de bioequivalência farmacêuticas que asseguram a qualidade, por exemplo, do medicamento genérico, com propriedades terapêuticas idênticas aos de Referência, o original. Isso garante que o Genérico tenha a mesma eficácia clínica e a mesma segurança em relação ao remédio de marca. Já o similar é… digamos…, parecido. Se muito.
As fábricas de similares inundam especialmente o estado de Goiás formando cachoeiras de embustes fantasiados de empreendimentos, cujo único objetivo é o faturar, sobretudo dinheiro público, não importando quantas vidas ou saúde isso custe.
O similares lideram as vendas no País. Seus produtos não enfrentam testes de aprovação, não se identificam como tal na embalagem, o que concedem-lhes vantagens, como as dos preços inferiores aos dos genéricos, que são testados e suas embalagens apresentam tarja amarela e a letra “G” inscrita.
Existem fábricas – como as de Carlos Cachoeira – de similares totalmente desconhecidas e muitas aproveitam-se do anonimato para engrossarem a enxurrada de corrupção que inunda o País. A menor delas, a cooptação de farmacêuticos que estariam recebendo comissões para empurrarem esses produtos garganta a dentro do consumidor desavisado. Vendem um, ganham dois.
Mas isso é troco perto do que pode estar ocorrendo na esfera governamental. O SUS estaria dando preferência para os medicamentos similares, com vantagens que vão além do menor preço. A negociata envolveria figurões, oficiais e não oficiais, lobistas dos cachoeiras na compra os medicamentos para a rede pública.
A ponte seria um ainda jovem e anônimo filhote de corrupto que, mal saiu do cueiro, é sócio em empreendimentos de um dos homens mais ricos do mundo. Como? Segredo… Seria por esses milagres que ocorrem como com o filho do ex e sua espetacular ascensão econômico-financeira.
E tem mais. Alguns hospitais, como o frequentado por mãe e filha citadas acima, estariam aplicando em pacientes medicamentos não testados, como os similares, e que não produzem o efeito. Mas, nos formulários para o SUS ou planos de saúde, estariam sendo anotados, para efeito de ressarcimento, medicamentos de marca ou genéricos. Ou seja, entregam gato, cobram por lebre.
E a gente então se liga
Nessa estação…
Aumenta o seu volume…
Não tem remédio
Não tem remédio
Não tem remédio não..